29.6.08

que nem um cão..

um homem sai de casa com um prato a transbordar de comida enlatada para o cão que, ao ver o dono, entra numa crescente alegria saltando e correndo. o dono pousa o prato no chão, esboça um sorriso e faz uma festa ao cão, que come com gosto.
um velho mendigo presencia o acontecimento e, melancolicamente, pensa: "Bolas, quem me dera ser cão...."

16.6.08

s/ título



Poderá uma pessoa ser morta mas viva? O absurdo “morto-vivo” dos filmes poderá existir? Não do modo estético nem aparente, tipo personagens com a pele degradada, azul verde ou amarela, com cheiro a podre e larvas nos dentes. Mas no sentido espiritual. Um Homem pode estar vivo fisicamente, mas morto espiritualmente?
Na sociedade de hoje em dia só os mais inteligentes vingam. Inteligentes? Manhosos, imbecis com cunhas, estúpidos e gananciosos são a nova geração de inteligentes? O governo gosta dessa geração, mas veja-se: será o governo inteligente? O que se faz no governo? Trabalha-se?!
Mas sejamos um pouco mais objectivos, dando o exemplo de um homem: Acorda, vai para o trabalho, e até lá apanha uma grandessíssima fila. Chega ao trabalho e é o chefe a gastar latim com ingénua vaidade, excepto à moça da saia curta. Senta-se no seu (pelo menos, até que alguém lho tire) escritório de 2m3 , completamente clonado a mil e um outros. Nele encontram-se um computador, um cinzeiro cheio de beatas que servem de anti-depressivos, e fotos da namorada para se sentir menos bicho. Chega a casa e é a mesma fila, cheia de anormais com conversas básicas e degradantes, estúpidas e desinteressantes que não servem de nada para a cultura desse homem. Em casa, a namorada que, apesar de saber que o trai, o conforta um pouco. E o dia seguinte é uma cópia de si mesmo.
Esse homem anda. Esse homem vê. Esse homem ouve. Esse homem faz sexo. Esse homem toca. Esse homem é uma máquina animada. Porque esse homem não escuta, esse homem não caminha, esse homem não observa, esse homem não escuta, esse homem não faz amor e esse homem não sente.
Esse homem que tem, afinal, de espiritual? Pensa? Não, executa. Questiona? Não, executa. O que é ele? Um ser? É humano? O ser é o espírito, mas o espírito é a definição desse homem? Humano é a atributo do ser, mas o ser é o quê? Esse homem é, portanto, a definição do quê? Tudo isto pois este é o homem desejado pela sociedade, tem sorte. Ah! É que a sorte de hoje em dia resume-se a um Homem aos seis anos entrar na escola. Depois, passados no mínimo doze anos, ingressa na Universidade, onde se mata a trabalhar, e, quando acaba esta, tem trabalho durante trinta e seis anos a descontar para a reforma para que um dia, apodrecido pela sua vida, possa tomar comprimidos todos os dias, a toda a hora para não ter um AVC. Sorte é, no meu entender, não divertir. Aqueles que desleixam as notas e gozam o doce da sua juventude, o fresco amor e a amargura do desgosto não têm sorte. Aqueles que, quando chega o momento derradeiro e dizem, Valeu a pena, não, esses não têm sorte. É curioso: a teoria e a prática devem andar desencontradas.
O Homem de hoje, a referência, junta portanto as características opostas àquilo de que se esperava; por consequência considero racional opor à ideia fixa, e entrar nalgo mais relativo. Esse homem é forte do ponto de vista material, mas fraco espiritualmente. Estes dois conceitos são como pólos magnéticos idênticos, repelem-se. Ao elevar-se ao expoente máximo, essa personagem (designemo-la por X), possui nos seus bens tudo o que é considerado, incluindo livros, que são a prova física do pensamento. X é, portanto, omnipotente no que toca a objectos, incluindo este lápis e este papel. Contudo, pelos pólos, X, ao ter tudo de algo, ignora o outro lado da moeda (apesar de X também ter a moeda… aproveito para um parênteses para falar do que é moeda. A moeda é o símbolo do dinheiro, a base de X. o dinheiro comanda as nossas vidas, é a base de tudo. Até da pirâmide alimentar. Se se tirar o dinheiro da base, tudo vai abaixo e nada fica. É estranho pensar que sem algo que nem existe, mas que é representado por papel rectangular e metal redondo, a povoação mundial morre diariamente. Como o que não existe nem pode existir é utópico, é justo dizer que sem utopia não se conseguiria viver. Continuemos pois, fechando este parênteses.). X não tem nada de espiritual dentro dele. Como o que não há falta, e com a falta vem a morte, então X é morto espiritualmente, mas vivo materialmente. É morto-vivo (atenção, agora os mortos vivos são sortudos…)
Os vivos de sabedoria, os “extra lúcidos”, geralmente “enlouquecem”e suicidam-se. Nesta sociedade tudo se contradiz portanto, neste lugar X é vivo e o sábio (pode ser Y) é morto-vivo!
Sendo tudo ao contrário, a lucidez extrema concede a Y a sabedoria do suicídio, para que este esteja, então, morto.
X é humano, Y é ser. Mas a teoria não é prática, apesar de sem o ser o humano não existir.

15.6.08

histórias com alguma moral (2)

Era uma empresa que, embora não o dissesse assim tão claramente, vendia pessoas. Por uma dada quantia, uma pessoa viajava até um destino e aí "vivia" sob as ordens do comprador como um escravo. O lucro era grande. O chefe decidiu expandir o seu negócio. Chegou uma altura em que os escravos compravam os donos, gerando uma certa confusão. Os lucros aumentaram ainda mais. O chefe expandiu ainda mais a empresa. Um dia, o chefe foi comprado. a empresa continuou, não faliu, muito pelo contrário. Às tantas subiam a chefe (regularmente) diversas pessoas, até estas serem compradas por outrem. Até já houve quem se comprasse a si próprio...




Mas os lucros continuavam a subir, e isso é que era importante.

histórias com alguma moral (1)

era uma vez um homem que poupava tanto, mas tanto, que chegava a deitar fora a pouca comida que comprava, pois esta passava o prazo de validade.